21/02/2025 - Enfermeira desenvolve aplicativo que promove autocuidado em casos de estomia intestinal

Em fase de testes, aplicativo EstomAM poderá auxiliar pacientes com bolsas de colostomia e ileostomia

Chama-se estomia intestinal de eliminação a abertura criada cirurgicamente na parede do abdômen para ajudar na evacuação de fezes e urina. O local deve ser preservado para que se mantenha rosado, úmido, brilhante e indolor ao toque.

Em fase de estudos, a ferramenta EstomAM, desenvolvida por Aline Duarte Albuquerque, Mestre em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem no Contexto Amazônico da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), fornece noções básicas e colabora no estabelecimento de rotinas de higiene, permitindo maior adaptação e autonomia para moradores de comunidades ribeirinhas do Amazonas.

Parceria entre a UFAM, Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR – Campus Apucarana) e a Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), a Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) colabora com os profissionais da saúde, responsáveis por informar um roteiro de cuidados essenciais ao bem-estar da população.

Para quem reside fora de Manaus e utiliza a bolsa de coleta, por exemplo, percorrendo longas distâncias no transporte fluvial, o aplicativo móvel de caráter orientador pode se tornar um aliado do paciente e dos profissionais da Enfermagem.

Pela particularidade de deslocamento na região amazônica, o aplicativo para celular EstomAM indica a forma de evitar contratempos durante as travessias de barco e orienta o manejo domiciliar das bolsas de coleta nos casos de estomias intestinais.

A ferramenta ainda aponta alimentos locais que podem ser consumidos em casos como este, passando pela orientação nas atividades diárias. Respeitando o contexto social e econômico da localidade, o aplicativo funciona independente da oferta de conexão à internet.

Este enfoque reitera o papel da inovação tecnológica inclusiva em regiões distantes dos grandes centros urbanos e sem condições logísticas favoráveis e/ou acesso a equipamentos de saúde. Ainda em ciclo de prototipação, a TIC transfere e difunde habilidades, conhecimentos e informações, possibilitando aos ribeirinhos qualidade de vida e resolução de problemas de saúde na própria comunidade.

O objetivo é permitir que o usuário desenvolva sua “capacidade de cuidado próprio ao realizar a troca do seu equipamento coletor e ao realizar os cuidados de higiene com a estomia”. Em cinco vídeos legendados são repassadas técnicas padronizadas por guias de conduta usados por enfermeiros nos cuidados com os pacientes.

Com 44 telas, o EstomAM é uma ferramenta digital intuitiva com sete ícones de entrada, vídeos demonstrando procedimentos com comprovação científica e 19 imagens com as etapas de autocuidado. Na palma da mão, dúvidas como “O que é estomia?”, “Quais os tipos de estomia intestinal?”, limpeza correta da parede abdominal e até “Como trocar e higienizar a bolsa coletora” são respondidas rapidamente.

O aplicativo ainda incentiva a ingestão de água, indicando o número de copos e intervalo entre as doses. Isso é possível apenas fornecendo dados como peso e data de nascimento. Ao acionar as notificações, o EstomAM avisa ao paciente o volume de líquido diário necessário para hidratação do corpo.

Baseado no sistema de apoio-educação da Enfermagem, o software possibilita a melhoria da prática do autocuidado e isso impacta na “redução de custos em reinternação”, segundo o estudo realizado pela UFAM, UNESPAR e UNIPAMPA. A pesquisa abre caminho para implementação de novas tecnologias similares nas redes pública e privada de saúde.

Dorothea Elizabeth Orem e a importância de cuidar de si mesmo

A Teoria do Autocuidado (publicada em 1959), da enfermeira norte-americana Dorothea Orem, consiste na realização de atividades de cuidado pessoal para manter a própria saúde e o bem-estar. Essas atividades incluem alimentação, higiene, exercícios, descanso e sono, e convívio social e recreativo.

No sistema de Enfermagem, atua na superação de entraves na hora de conduzir o processo do autocuidado, considerando as necessidades e capacidades individuais do paciente. Aprimorada ao longo dos anos, a teoria de Dorothea Orem ganhou nova publicação em 1971, sendo referência global para profissionais da área.

Filha de Gilberto Gil trouxe o debate para as redes sociais

Em tratamento desde que descobriu um câncer colorretal, a cantora Preta Gil compartilhou fotos nas redes sociais usando uma bolsa de ileostomia. “Sim, eu uso bolsa de ileostomia e não tenho vergonha de mostrar, pois essa bolsinha salvou minha vida e me deu a possibilidade de me restabelecer de uma cirurgia que retirou o tumor que eu tinha!”, escreveu Preta.

Saiba a diferença entre COLOSTOMIA e ILEOSTOMIA

A ileostomia é mais alta que a colostomia, pois o intestino é exteriorizado em uma porção em que o bolo fecal não teve a oportunidade de passar por nenhuma porção do intestino grosso ainda. Já na colostomia, ele passa por parte do intestino grosso e só é exteriorizado depois.

Fonte: Ascom/Cofen