31/08/2010 - Profissionais de Enfermagem estão em colapso



Profissionais frustrados, desestimulados, cansados, trabalhando no limite de sua capacidade física e emocional foi a situação encontrada pelo Conselho Regional de Enfermagem (COREN-RS) na madrugada da última sexta-feira, dia 27, em dois dos principais hospitais de emergência de Porto Alegre.

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Ao visitar as instituições, os fiscais do COREN constataram que os profissionais de enfermagem estão doentes, não são ouvidos pelos dirigentes e, em sua grande maioria, não querem assumir dupla jornada de trabalho sob pena de colocar em risco a qualidade de atendimento e até mesmo a vida dos pacientes.

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Sem querer se identificar com receio de represálias, um profissional relatou o descaso com a condição de trabalho a que são submetidos. “Não podemos ser reféns de horas extras, nem trocar um paciente enquanto outro está comendo ao lado e, tampouco temos tempo de fazer o registro nos prontuários dos doentes. Estamos preocupados com a vulnerabilidade a que estamos sujeitos, diante da possibilidade de cometermos erros e de responder por um processo ético em razão da falta de condições de trabalho”.

Segundo relato dos profissionais, a superlotação é um problema crônico – enquanto a administração afirma que não pode deixar de receber o cliente – e o médico (que apresenta necessidade de mudanças em suas rotinas administrativas) entra em greve, resultando em demanda não atendida e sobrecarregando a equipe de Enfermagem que está sempre presente. Pois é para a Enfermagem que o doente recorre, é a ela que ele verbaliza seus descontentamentos.

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“Quem cuida, também necessita de condições básicas para desenvolver o seu trabalho. Não estamos vivendo uma situação de guerra e as emergências dos hospitais retratam atendimento de campanha. A impressão é que estamos tratando de uma guerra entre a instituição, a equipe multiprofissional e o cliente.”, diz a presidente do COREN-RS, Dra. Maria da Graça Piva.