09/03/2017 - Coren-RS promove debate para as mulheres da Enfermagem, em conjunto com entidades da da categoria



O Dia Internacional das Mulheres, 08 de março, foi marcado por um evento promovido, pela primeira vez, em conjunto com as entidades representativas da Enfermagem para debater as questões de gênero, violência e trabalho, numa categoria majoritariamente composta por mulheres.

O Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Sul (Coren-RS), em parceria com o Sindicato dos Enfermeiros do RS (Sergs), Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn-RS), Federação dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde do Estado do RS (Feessers) e Sindisaúde-RS, promoveu na data, no auditório do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas, em Porto Alegre, o painel Mulheres da Enfermagem, vamos falar sobre isso?,tendo como debatedoras Ariane Leitão, Denise Corrêa e Dagmar Meyer.
Participaram da mesa de abertura a conselheira do Coren-RS, Nelci Dias, a diretora de Assuntos de Gênero, Raça e Diversidade Sexual do SERGS, Janice Schiar, a diretora da Aben-RS, Terezinha Valduga e a diretora de Políticas para as Mulheres da Feessers, Margarete Resmini.
Também estiveram presentes o presidente do Coren-RS, Daniel Menezes de Souza e as (os) conselheiras(os)  Margarita Unicovsky e Ricardo Haesbaert, além de dirigentes de Sindisaúdes, Feessers, Sergs e Abenfo-RS.  

Ao abrir o evento, a conselheira do Coren-RS, Nelci Dias, afirmou ser um momento de grande alegria para o Conselho realizar, pela primeira vez, este debate junto com as entidades. Também ressaltou a importância dos temas a serem debatidos. “Vivemos um momento em que há ataque a nossa democracia, com a retirada dos direitos dos(as) trabalhadores(as) e, no caso da categoria da enfermagem, em que a maioria são mulheres, este debate se faz necessário”.

Violência: prevenção, enfrentamento e autonomia
A consultora em políticas para as mulheres e integrante da ONG Coletivo Feminino Plural, Ariane Leitão, abordou o tema Violência: prevenção, enfrentamento e autonomia. Ela salientou que o principal objetivo da luta das mulheres é a garantia de direitos iguais. Ariane, que coordenou a pesquisa Enfermagem Lilás, do Sergs, que investigou percepções de enfermeiros(as) e identificou possibilidades de formação e a participação dos profissionais na ação em rede para o combate à violência contra mulheres e meninas, considera fundamental o trabalho da enfermagem, com o cuidado e o acompanhamento às mulheres vítimas de violência. “São as(os) profissionais da enfermagem que seguem atendendo às mulheres vítimas de violência”, disse.

Mulher e Trabalho
O tema Mulher e Trabalho foi desenvolvido pela diretora da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do RS (Fetrafi-RS) e integrante da Marcha Mundial das Mulheres, Denise Corrêa. Ela salientou que as mulheres estão muito longe de alcançarem igualdade. “A igualdade passa pela autonomia das mulheres no mundo do trabalho”, afirmou. Ao abordar a Reforma da Previdência em curso no país foi enfática: “É preciso que lutemos juntas(os) para barrar essa reforma que, se passar, vamos nos aposentar somente com 65 anos e teremos que ter 49 anos de contribuição para aposentadoria com o teto máximo da Previdência”.

 Um olhar de gênero sobre a Enfermagem: provocações
A enfermeira Dagmar Meyer, doutora em Educação e professora na pós-graduação em Educação e em Saúde Coletiva da Ufrgs, lançou vários questionamentos ao abordar o tema. Para ela, quando se olha para a enfermagem do ponto de vista de gênero “é porque ela incorpora nos seus símbolos, no conhecimento que ela produz e em práticas e currículos, uma série de elementos que imprimem como sendo femininos e naturaliza isso como atributos necessários para o desempenho da profissão”. Ao comentar o dado que 66% das mulheres brasileiras já sofreram violência obstétrica, Dagmar disse que não tem como pensar que a enfermagem não tenha participação, já que cerca de 1,2 milhão dos profissionais da saúde são da enfermagem.
A educadora acredita que a enfermagem, como profissão, é uma das instâncias que teria competências e capacidades para intervir na modificação das desigualdades de gênero, mas que as discussões sobre esses temas na formação, sejam no nível médio ou superior, são poucas.

Enfermagem e Arte
Os debates foram enriquecidos com apresentações artísticas. No início do evento, o grupo de dança OncoArte, formado por pacientes que passaram ou passam por um diagnóstico e tratamento de câncer, dirigido pela fisioterapeuta Iara Rodrigues, realizou uma apresentação. Dançaram a música Maria, Maria, de Milton Nascimento e emocionaram o público, passando uma mensagem de confiança, coragem e enfrentamento.
Ao final, foi a vez da enfermeira do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Andressa Behenck, acompanhada de seu pai Vando, ao violão, interpretar várias músicas com temáticas femininas.

Fonte: Departamento de Comunicação Institucional
Jornalista Denise Campão
DRT/RS 5.695