26/02/2021 - Pandemia de Covid19: um ano depois



A luta de auxiliares, técnicas(os) e enfermeiras(os) nestes 365 longos dias de pandemia da Covid19 tem sido de muitas vitórias por parte das(os) profissionais, mas também de muita insegurança, angústia, sofrimento e preocupação. E dia após dia o quadro é cada vez mais complicado. Passado um ano, estamos com um cenário ainda mais grave, o que denota que as ações das autoridades responsáveis não foram suficientes para frear o avanço do vírus.

Logo no início da pandemia tivemos muitos problemas, como a falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) para profissionais, o que levou o Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Sul (Coren-RS) a distribuir máscaras e escudos faciais em 75 hospitais de todo o Estado que estavam com leitos de UTI Covid, para colaborar na proteção de colegas. Também havia a insegurança técnica, em que o Conselho prontamente atendeu trabalhadoras(es) da Enfermagem com instruções e orientações sobre o uso correto de EPIs e diante de demais procedimentos envolvendo pacientes com Coronavírus. 

À medida que a doença foi avançando e o número de mortes aumentando, a categoria também foi duramente atingida. Somente no Rio Grande do Sul, até o fechamento desta nota, foram 20 mortes de profissionais de Enfermagem por conta da Covid19 e uma contaminação muito alta, de 3.023 casos confirmados de um total de 5.063 reportados ao Observatório da Enfermagem do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen).

Isso trouxe problemas no atendimento, já que muitas(os) colegas foram afastadas(os) por terem contraído a doença ou por outros diagnósticos, como esgotamento físico e patologias ligadas à saúde mental, ou até problemas com familiares que contraíram a doença. Diante disso, profissionais que ficaram no atendimento ficaram sobrecarregadas(os). Em nossas ações de fiscalização, que aumentaram 50% durante a pandemia, constatamos muitos problemas em dimensionamento de equipes, com profissionais atuando em diversas frentes ao mesmo tempo, saindo de áreas Covid19 e indo para outras alas, o que pode provocar contaminações. Além disso, há uma resistência muito grande dos serviços de saúde, públicos e privados, em repor essas vagas deixadas por profissionais afastadas(os). 

E, por fim, a grande esperança, que é a vacina, está dentro de um contexto de grande desorganização nacional quanto à administração das doses. Nada justifica isso, já que as(os) governantes e demais órgãos competentes deveriam estar preparadas(os) para quando a vacina estivesse à disposição fosse prontamente distribuída às pessoas. Nem mesmo todas(os) as(os) profissionais de saúde que estão na linha de frente e deveriam ser priorizadas(os) foram vacinadas(os). E as(os) que foram, estão inseguras(os) quanto à segunda dose. 

O Coren-RS tem trabalhado muito durante a pandemia na defesa da Enfermagem. Denúncias recebidas via Ouvidoria são apuradas pela equipe de Fiscalização e o Conselho tem atuado diretamente junto às(aos) profissionais, de forma online ou presencial, com orientações e auxílio nas questões que envolvem o exercício profissional, além da permanente defesa de pautas importantes para a categoria, com a aprovação do piso salarial, do descanso digno, da aposentadoria especial e da jornada de trabalho de 30 horas. Estaremos junto das(os) colegas sempre, para que todas(os) sejam logo valorizadas(os) e reconhecidas(os), cada vez mais, como uma profissão essencial à saúde.

Coren-RS