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11/11/2009
A segunda onda, por Osmar Terra
A gripe A ainda assombra o mundo. Notícias dos Estados Unidos relatam um número muito maior de casos do que no início da epidemia, em maio. É a segunda onda, que acontece com mais força devido ao frio do outono por lá. As gripes têm maior disseminação com temperaturas baixas. É a “Influenza” do frio. A gripe A não é diferente, nem na sua disseminação, nem no curso que segue, repetindo propagação das demais gripes pandêmicas.
A diferença de estações entre o Norte e o Sul e a facilidade cada vez maior de deslocamento são responsáveis por manter uma grande quantidade de vírus circulando e voltando a produzir vítimas. Isso provoca as sucessivas ondas, que só diminuirão quando uma grande quantidade da população tiver tido contato com o vírus e formado anticorpos, por contágio ou vacinação.
No sul do Brasil e nos países mais meridionais do continente, tivemos entre maio e setembro a maior prevalência mundial da pandemia. A razão básica foi que o contágio aconteceu no inverno mais frio das últimas décadas. Avançando a partir da Argentina, atingiu rapidamente o Uruguai e o Chile. Aqui, apesar da extensa fronteira, ainda conseguimos conter a gripe por mais de 40 dias, com fortes ações de bloqueio dos casos detectados. Mas era inevitável a sua disseminação.
A partir de meados de junho, passamos da contenção para o atendimento em grande escala. Garantiu-se o acesso de todos a consultas, medicação e leitos hospitalares. Ampliamos em 20% o número de vagas nas UTIs, fornecemos novos equipamentos e recursos para os hospitais. O governo do Estado priorizou o assunto, criou um comitê multissetorial e mobilizou a Defesa Civil. Foram atendidos 7.510 casos com maior gravidade e houve 204 óbitos diagnosticados.
Como os casos complicados e os óbitos são só a ponta do iceberg, é provável que tenhamos tido mais de 2 milhões de gaúchos contaminados pelo vírus, a maioria apresentando sintomas leves ou até sem sintomas. Fazemos agora o levantamento da extensão do contágio no Estado, importante para estimarmos a proporção de pessoas a serem vacinadas em março de 2010, quando a vacina será entregue aqui pelo Ministério da Saúde, nosso grande parceiro no processo.
O importante nesse momento é a população saber que, embora o número de casos graves tenha diminuído muito, de 1,2 mil por semana, em fins de julho, para algumas dezenas em outubro e novembro, o vírus ainda circula. Nos próximos meses, essa circulação deverá receber um reforço de muitas pessoas contaminadas, vindas do Hemisfério Norte (México, EUA, Europa e Ásia). Em pouco tempo, teremos uma segunda onda por aqui também. Isso é inevitável e deve acontecer entre dois ou três meses, época de muito frio no norte do planeta e de maior intercâmbio turístico. O que pode nos ajudar é que ocorrerá aqui em pleno verão e as temperaturas mais altas farão que seja menor o contágio.
O mais importante agora é nos prepararmos. Para isso, não podemos esquecer as regras de higiene praticadas durante a epidemia, como a lavagem constante das mãos, e de procurar o médico imediatamente sempre que aparecer febre com sintomas de gripe. Essa é a base da prevenção.
Osmar Terra - Secretário Estadual de Saúde
Zero Hora
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