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05/12/2022
Doutoranda da UFRGS analisa os impactos na saúde sexual de usuários da profilaxia pré-exposição



Desde a descoberta do vírus HIV, as medidas de prevenção são tidas pela área acadêmica como “tímidas” e “insuficientes”, uma vez que as campanhas publicitárias se concentram apenas na importância do uso de preservativos e em informações-padrões a respeito de sexualidade e de comportamento. Tendo noção da relevância de serem trabalhadas novas medidas que reconheçam a particularidade de cada indivíduo, uma tese de doutorado em desenvolvimento no Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) está examinando o impacto da profilaxia pré-exposição de risco à infecção pelo HIV (PrEP) na saúde sexual de pessoas que utilizam o medicamento. O trabalho tem orientação de Deise Riquinho, professora da Escola de Enfermagem da UFRGS.

Incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS) em 2018, a PrEP é a combinação de dois medicamentos, o tenofovir e o entricitabina, que, usados antes à exposição ao HIV, bloqueiam os “trajetos” que o vírus utilizaria para infectar o organismo. Para o desenvolvimento do estudo, a enfermeira e autora da pesquisa Daila Alena Raenck trabalhou em duas etapas: uma quantitativa, ainda não finalizada, e a outra qualitativa. Na primeira etapa, a pesquisadora propôs a criação de um estudo transversal. Na segunda, foi utilizada uma dinâmica descritiva e exploratória. A ideia é que, ao final, se integrem os resultados das duas etapas.

“Optamos pelo tratamento misto porque precisávamos caracterizar uma população em uso da PrEP a partir de estudo quantitativo, mas ao mesmo tempo fazer um estudo qualitativo. Com isso, conseguimos trazer variáveis que falam de perfis sociodemográficos, comportamentais, de questões clínicas que estão envolvidas com esses indivíduos", disse Daila.

No Brasil, o público-alvo da PrEP é composto por gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH), pessoas trans e trabalhadores(as) do sexo. Além disso, podem utilizar a medicação pessoas que frequentemente deixam de usar camisinha em relações sexuais; sejam parcerias de pessoas soropositivas sem tratamento; façam uso repetido da profilaxia pós-exposição (PEP); ou apresentem episódios recorrentes de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

Um dos resultados encontrados por Daila é que, em Porto Alegre, há uma concentração da PrEP em um público específico: homens cis, gays ou HSH, brancos, com alto índice de escolaridade e na faixa etária entre 30 e 39 anos. Para a pesquisadora, esse achado demonstra a necessidade da construção de abordagens que identifiquem e reduzam as disparidades no acesso à PrEP e que sejam capazes de incluir as questões referentes a racismo e homofobia, por exemplo. Outro dado obtido é que 40% dos usuários abandonaram o uso da PrEP, o que, para a enfermeira, mostra que é importante reinserir essas pessoas no serviço.

Para obter os resultados e explorar diferentes aspectos, Daila criou questionários com quatro componentes. O primeiro buscou informações sobre perfis sociodemográficos. Em seguida, foram coletados dados sobre o conhecimento prévio sobre a PrEP. A terceira parte abordou aspectos de risco para usuários de PrEP, como álcool, drogas e sexo desprotegido. Por último, a pesquisadora observou aspectos relacionados às contraindicações do medicamento.

Todo o processo da pesquisa foi feito nos três Serviços de Assistência Especializada em HIV/Aids de Porto Alegre. Na fase quantitativa, a pesquisa obteve dados no Sistema de Controle Logístico de Medicamentos de 894 usuários da PrEP. Já na qualitativa, 19 pessoas foram entrevistadas. 

A pesquisadora conta que superou suas expectativas nas entrevistas com os usuários do medicamento. As respostas dessas pessoas demonstraram que a relação do indivíduo com sua sexualidade melhorou, com novas descobertas de prevenção. “Entendemos que devemos incluir também na base do estudo a sexualidade, que, no nosso ponto de vista, é algo singular. É importante a gente ouvir das pessoas [sobre este tema]”, completa.

“Conseguimos traduzir em vozes os números vistos na literatura”, comenta a enfermeira. Ela, contudo, também ressalta que a PrEP não deve substituir os outros métodos, como o uso de preservativo, visto que o medicamento não protege contra outras ISTs.

Segundo o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), 38,4 milhões de pessoas vivem com HIV no mundo. No Brasil, entre 1980 e 2021, foram notificados mais de 1 milhão de casos de Aids. Conforme o painel de monitoramento da PrEP do Ministério da Saúde, em outubro de 2022, havia 46.886 usuários de PrEP no país, dos quais 2.151 estão no RS. Segundo o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da PrEP, com o uso do medicamento, o risco de contrair o vírus diminui em 95%. O documento aponta, porém, a necessidade de acompanhamento contínuo pelo serviço de saúde e da realização de exames laboratoriais para detectar se as taxas da medicação estão adequadas.

Com os resultados, Daila tem por objetivo instigar profissionais da saúde e usuários a refletirem a respeito do medicamento, para haver também maior aprofundamento acadêmico sobre o tema, novos olhares para a prevenção e debater a importância da saúde sexual, quebrando preconceitos e desinformação e aumentando o uso dessa prevenção. Com essas medidas, a pesquisadora acredita que será possível estabelecer maior aprimoramento da prática e suprir a demanda de usuários.

Para Daila, para que se possa avançar nos estudos, é de suma importância ter ciência do cenário mundial da epidemia da Aids, que segue como agravo clínico que urge novas estratégias, principalmente medidas de prevenção, como o objeto de seu estudo. Além disso, ela afirma que a academia brasileira precisa de estudos mais aprofundados sobre a realidade do país, visto que muitas bases teóricas conhecidas na literatura são estrangeiras. Junto às medidas que precisam ter destaque no Brasil, a autora da pesquisa também defende que é necessário maior envolvimento da mídia na divulgação e fortes iniciativas de políticas de setores públicos e privados com ações de educação permanentes.

Fonte: UFRGS

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