Na reunião do Conselho Nacional de Saúde
(CNS) ocorrida nesta quarta-feira (11), foi colocada em discussão a
revogação da RDC nº 26, da ANVISA, que alterou a proporção
Enfermeiro/Paciente, aumentando de 1 Enfermeiro/8 pacientes para 1
Enfermeiro a cada 10 pacientes, além de retirar 1 técnico de apoio por
turno. A norma foi aprovada no início de 2012, sem estudos técnicos e
sem que o Conselho Federal de Enfermagem ou a Associação Brasileira de
Enfermagem em Terapia Intensiva fossem consultados.
Durante as discussões do CNS, que se
tornaram polêmicas, a maior parte dos integrantes concordou com a
necessidade da revogação da norma, uma vez que anda na contramão da
execução de uma assistência qualificada. A Lei do exercício profissional
da enfermagem prevê que a assistência de pacientes de alta complexidade
é privativa do Enfermeiro, e o aumento dessa relação exigiria uma
assistência por profissionais não habilitados, infringindo a lei do
exercício profissional da enfermagem, acarretando, inclusive, infração
ética.
Para Marcia Krempel, presidente do
Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), “cada paciente a mais para ser
assistido pelo Enfermeiro em UTI aumenta em 7% o risco de morte e
situações adversas, pois a atenção precisa ser individualizada e
intensiva. A nossa preocupação consiste em evitar riscos ao paciente e
também evitar um desgaste físico, emocional e psíquico ainda maior dos
profissionais de enfermagem, pois é muito difícil atuar em ambientes
críticos como uma UTI, onde há constante contato com situações de
sofrimento e morte, o que aumenta a possibilidade de os profissionais de
enfermagem aquirirem doenças funcionais, dentre outras enfermidades.
Além disso, me parece que a norma foi aprovada pensando mais em aspectos
econômicos do que nos interesses da sociedade. Se for mantida, a
qualidade do serviço prestado à população será prejudicada”.
“As medidas que o governo tem tomado
foram pensadas para aumentar o acesso da população aos serviços de
saúde, porém tem deixado de lado um aspecto fundamental que é a
qualidade da assistência prestada”, afirmou o Conselheiro Federal,
Antonio Marcos Freire Gomes.
Após a publicação da RDC nº 26, o Cofen
reuniu-se com o Ministério da Saúde e a ANVISA e solicitou a revogação
da norma, que até o momento não foi acatada. A autarquia aguarda uma
posição definitiva para, caso necessário, entrar com as medidas
judiciais cabíveis, já que a decisão sobre a revogação foi adiada para a próxima reunião do Conselho Nacional de Saúde.
"Não se pode nunca esquecer a essência
do SUS e ter ciência de que os mais penalizados com a manutenção desta
norma serão a população e os trabalhadores da área da saúde", afirmou a
Conselheira Federal, Ana Tania Lopes Sampaio.