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19/11/2017
A invisibilidade da mulher negra dentro da Enfermagem



O dia 20 de novembro marca homenagem ao líder Zumbi dos Palmares, revolucionário da luta contra a escravidão e o racismo institucionalizado. Apesar de a data honrar a sua morte, seu legado de resistência continua sendo inspiração dos movimentos de negros e negras no Brasil. O que pouco se conta sobre a herança de Zumbi é que havia outra pessoa liderando com ele. Esta pessoa era uma mulher, Dandara dos Palmares. Ela lutava capoeira, caçava, organizava equipes na sociedade dos Palmares (popularmente conhecida como Quilombo dos Palmares) e foi indispensável para organização política, socioeconômica - inclusive, guerrilheira - na luta contra a escravidão. Muitas historiadoras questionam, se Dandara foi tão importante quanto Zumbi, por que quase não há registros sobre ela? O que os divide é ridiculamente nítido: Dandara era mulher. Ser mulher numa sociedade patriarcal aumenta as chances de esquecimento perante a história. Ser mulher e negra se torna mais suscetível ainda à invisibilidade. No contexto da Enfermagem, portanto, esta invisibilidade se dá por diversos motivos, considerando ainda dois agravantes: a falta de valorização da profissão e o machismo  que está arraigado na sociedade.

Tendo em vista esta realidade e notando a invisibilidade da perspectiva da mulher negra enfermeira, Roseana Medeiros buscou analisar o discurso e a ausência de discursividade sobre enfermeiras negras na Revista Brasileira de Enfermagem (REBEn), em sua tese de doutorado em Enfermagem pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), de São Leopoldo. Em “Com a Palavra a Mulher Negra - [a vez] e a voz de Enfermeiras Afro-Descendentes a respeito de suas Representatividades Discursivas: um fio condutor para uma nova abordagem educativa”, ela contextualiza o cenário em que se constituiu a Enfermagem no Brasil, expondo que já no início do aprimoramento da profissão existia um racismo velado. A discriminação se manifesta também em falta de oportunidades para mulheres negras ingressarem em escolas de Enfermagem. Os efeitos do racismo nas próprias ações de mulheres negras se traduz em seu psicológico também, como propõe a autora, associando isso a falta de representatividade de enfermeiras negras na Revista Brasileira de Enfermagem (REBEn). “(Este estudo) trata-se de pensar que os conflitos e a falta de representatividade da mulher negra na Enfermagem são embatimentos constantes e diários na vida dos negros e das negras no Brasil. O preconceito e a discriminação racial habitam o imaginário social do Brasil”, para Roseana.

A ausência de discursividade sobre enfermeiras negras na REBEn se dá tendo em vista que, primeiramente, o fato de negros e negras, em sua maioria, não se identificarem e enaltecerem suas raízes historicamente revolucionárias e guerreiras. Na sociedade Brasileira atual, em que a Enfermagem não é valorizada, a mulher é subjulgada e o racismo continua sendo velado, apenas a enfermeira negra pode contar sua história, como faz Roseana: “A presença do negro e da mulher enfermeira negra, geram muitas situações controversas. Desde indisposições nas relações de trabalho com profissionais de várias áreas da saúde ou, o que ainda é bastante frequente, ter que lidar com poderes nas relações com a equipe de enfermagem, porque muitas vezes a própria equipe não aceita o ‘poder de mando’ de uma enfermeira negra”. É importante considerar sempre o ‘lugar de fala’, conceito frequentemente usado por movimentos sociais, que compreende a importância de possibilitar e incentivar que a real voz das mulheres negras sejam ouvidas.

Fonte: Departamento de Comunicação Institucional
Texto: acadêmica de jornalismo Mariana Bello
Supervisão: jornalista Denise Campão DRT/RS 5.695

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