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15/09/2023
SOS Chuvas: confira o relato de profissionais de Enfermagem que enfrentaram as inundações no Vale do Taquari
Eram por volta das 21h do dia 4 de setembro, segunda-feira, quando a enfermeira Jesiane Fronchetti, 43 anos, chegava para mais um plantão no Hospital Roque Gonzales, em Roca Sales, no Vale do Taquari. Chovia muito e Jesiane já notava que a população estava agitada e preocupada com o volume de água que caia na cidade. “E a partir daí tudo foi muito rápido. As águas subiram em uma velocidade absurda, assustadora”, relatou a profissional. Pouco depois das 22h, o nível do Rio Taquari estava tão alto que atingiu todo o térreo do hospital e chegou aos primeiros degraus da escada que dá acesso ao segundo piso. Junto com uma técnica de Enfermagem, um médico e outras duas funcionárias, a prioridade foi proteger os internados e tentar proteger o máximo de materiais e insumos. Com muita bravura, enfrentando frio e medo, Jesiane e seus colegas salvaram todas as vidas: 13 pacientes estavam no Roque Gonzales.
O relato de Jesiane é um de muitos que representantes do Cofen e do Coren-RS ouvem no processo de acolhimento prestado aos profissionais da categoria nas cidades do RS atingidas pela catástrofe. A enfermeira, com 17 anos de profissão, teve o apoio solidário da Equipe de Resposta Rápida (ERR) na região do Vale do Taquari. “Em 23 anos que moro em Roca Sales, nunca tinha presenciado algo parecido. O rio fica a poucos metros do hospital, nos fundos, e a água começou a entrar por todos os lados”, contou ela. Dos 13 pacientes que estavam no serviço de saúde, cinco eram idosos em situação crítica, que precisavam de oxigênio e estavam usando máscara de Hudson. Somente na terça-feira, dia 5, por volta das 15h, que foi possível remover as pessoas internadas, boa parte via helicóptero.
O Hospital Roque Gonzalez ficou destruído. Depois que o nível das águas baixou, o cenário era de materiais e insumos estragados, além de lama por todos os lados. “Eu só pensava nos meus três filhos, que me mandavam mensagens, me ligavam preocupados. Tínhamos medo de sermos eletrocutados, de perdermos os pacientes, da força das águas. Mas a gente faz tudo, a gente é tudo. Fizemos que coisas que só a Enfermagem é capaz”, relembrou Jesiane, emocionada.
Em Muçum, o Hospital Beneficente Nossa Senhora Aparecida foi abrigo para dezenas de pessoas que ficaram desabrigadas. À medida que as águas subiam, também na segunda-feira, dia 4, mais e mais moradores chegavam ao serviço de saúde, localizado numa parte mais alta da cidade. A equipe de Enfermagem, junto com outros funcionários, transformaram o hospital numa espécie de refúgio.
A ERR ouviu essa e outras histórias dentro do processo de acolhimento e apoio solidário aos profissionais. Outro relato impactante foi o da auxiliar de Enfermagem e enfermeira Mara Lúcia Stormowski, 59 anos. Com a velocidade das águas, ela ficou durante horas no telhado de casa, em Roca Sales, junto com os pais, aguardando socorro, entre segunda e terça-feira, 4 e 5 de setembro. Foi resgatada de helicóptero. Por sorte, a filha, que é cadeirante, não estava com ela no momento – estava com o pai, em uma área sem riscos. Os representantes do Cofen e do Coren-RS já ajudaram a profissional com insumos e um colchão. “Ela mora em uma rua que, num trecho de 150 metros, duas casas ficaram de pé”, reproduziu o conselheiro Luiz Carlos Moraes, do Coren-RS, que trabalha com a ERR, e tem experiência como profissional do SAMU. “Enquanto ela estava no telhado, ouvia pedidos de socorros por todos os lados, inclusive de um vizinho que, tragicamente, foi levado pelas águas”, complementou o dirigente.
ERR – Atuando na região afetada pelas enchentes e chuvas, a ERR do Cofen, em parceria com o Coren-RS, presta apoio solidário aos profissionais de Enfermagem que foram atingidos pela catástrofe. Além de Luiz Carlos Moraes, estão na região os enfermeiros Eduardo Fernando de Souza (Cofen) e Carlos Augusto Pereira (SAMU de Cascavel/PR). Contatos com a equipe devem ser feitos por meio do formulário SOS Chuvas. Além disso, os profissionais afetados pela catástrofes podem solicitar a isenção de anuidade. Confira AQUI como proceder.
Fonte: Setor de Comunicação e Eventos - Coren-RS
Jornalista Ronan Dannenberg
DRT/RS 13.181
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